31/07/2008
Morte Interior
Estava ela mexendo nos cabelos, sentada em sua poltrona predileta, pensando em como tudo aconteceu, em como sua vida transformou depois daquele fatídico dia. Ela pensava em como ela se transformou naquele ser tão sem vida, tão sem vontade, tão inerte. Ela era uma garota que adorava sol, ficava horas sentada no sol, lendo, conversando com as amigas. Ela adorava andar pela beira da praia, sozinha, ou com amigos. Ela não parava em casa, mesmo morando sozinha, quer dizer, ela morava com seus 2 gatos, João e Maria, ela só ficava em casa quando estava muito cansada, mas era um acontecimento muito raro. Ela era a alegria de todos os lugares, onde ela entrava fazia amigos e os divertia. Ela estudava muito, queria ser a melhor veterinária do mundo! Agora...depois daquele dia, sua vida não era mais a mesma. Ela conheceu um garoto. Esse garoto fez dela mais feliz do que ela era. Ele iluminou ainda mais seu sorriso. Ele fez dela tudo que ela sempre quis. Devem estar pensando que ele mudou com o passar do tempo, mas não, não foi ele que mudou, foi ela. Ela mudou. Ela passou a evitar o sol, não andava mais praia, deixou de ser a alegria da festa. E como tudo isso? Ela só conseguiu pensar numa única possibilidade: o ser humano! Sim, o ser humano. Ela começou a sentir sufocada com o estresse, a raiva, os ciúmes, a inveja, todos esses sentimentos ruins que o ser humano insiste em carregar. E foi ficando cada vez mais e mais distante de tudo e de todos. Aquele garoto que a fez ficar mais feliz, acabou desistindo, não dela, mas dele mesmo, e se matou. Tomou 1 litro de uísque com veneno de rato e água sanitária (belo coquetel!). E claro que ela só piorou. Ele era seu porto seguro, sua ilha deserta, pelo menos com ele, ela esquecia o que realmente sentia e ficava feliz novamente. Mas seu porto seguro se auto-destruiu, sua ilha foi inundada. Agora ela só pensava em uma coisa: a culpa só podia ser dela! Continuou mexendo no seu cabelo pintado de roxo, imaginando se ela não tivesse consumido toda a energia dele, se as coisas seriam diferentes agora.
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